"NO SENTIDO DA NOITE" de Jean Genet - Edição de 2016


Especificações


Descrição

"NO SENTIDO DA NOITE"
de Jean Genet

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

Edição de 2016
SISTEMA SOLAR
156 Páginas
Ilustrado

A primeira crise de esterilidade literária de Jean Genet (1910 a 1986) sete anos vazios entre Le Journal du Voleur (1949) e a peça de teatro Le Balcon (1956) sucede a um período fértil, medido por outros sete anos. De facto, a um poema feito no cárcere em 1942 Le Condamné à Mort primeiro anúncio de um grande poeta e de um magnífico transtorno de valores morais desde logo mitificado com a história de uma aposta entre reclusos que lhe estaria na origem, seguiu-se em1944 o romance Notre-Dame-des-Fleurs (para o qual teve Cocteau de «inventar» uma editora situada em Monte Carlo, anónima, aux dépens d un amateur), e depois Miracle de la Rose em 1946, Querelle de Brest e Pompes Funèbres em 1947, e ainda Poèmes em 1948 e Journal du Voleur em 1949, quase tudo o que, somado ao seu futuro teatro, nos faz arriscar uma palavra assustadora génio para não explicar de todo que aprendizagem (feita onde?, com quem?, para quê?) levou àquela escrita que uma faca, empunhada por um filho de pai incógnito e com uma memória magoada por acusações de roubo, assistências públicas e casas de correcção obrigada a sonhar-se com delinquências vagabundas em marselhas e barcelonas riscava com luxo para ferir a literatura e pô-la ao serviço de uma recusa de tudo o que afectasse positivamente a moral burguesa. Com estas histórias de exemplo em subversão pôde perceber-se que uma função da arte viria ele próprio a dizê-lo assim, textualmente é substituir a fé religiosa pela eficácia da beleza; e que esta beleza deve ter, pelo menos, a força de um poema, quer dizer, de um crime; e que aos seus livros tecidos com magnificência verbal (a minha vitória é verbal, avisaria também, e devo-a à sumptuosidade das palavras) caberia o papel de servir aquela beleza, e servi-la tão bem que ficassem irrecusáveis de sedução os espelhos onde ela se reflecte, e mesmo que a imagem reflectida confrontasse uma inversão ética do próprio leitor.
in Apresentação de Aníbal Fernandes

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Jean Genet nasceu em Paris, a 19 de Dezembro de 1910. Filho ilegítimo, ainda não contava um ano de idade quando foi deixado pela jovem mãe, Camille Gabrielle Genet, num orfanato. Acolhido por uma família de artesãos, em Morvan, Genet viveu uma infância tranquila, mantendo um espírito reservado, e na escola provou-se um aluno de mérito.

Aos dez anos, foi acusado de roubo e enviado para um reformatório, de onde viria a fugir repetidas vezes ao longo dos anos seguintes, para reentrar outras tantas, sob acusações ora de furto ora de vagabundagem e, mais tarde, de homossexualidade. Escapou ao reformatório alistando-se na Legião Estrangeira, que o levou à Síria e a Marrocos, mas desertou ao fim de seis anos, para se entregar a uma vida errante, de vagabundagem, roubo e prostituição, percorrendo várias cidades europeias.

De regresso a Paris, no início dos anos 1940, mais uma vez preso por roubo, foi na prisão de Fresnes que escreveu O Condenado à Morte, ode erótica inspirada na execução de Maurice Pilorge, jovem assassino guilhotinado em 1939. Foi ainda na solidão da cela 426 que escreveu o primeiro romance, Nossa Senhora das Flores, livro onde reúne as personagens que habitam as suas fantasias, que acompanham as suas masturbações, e com quem se cruzou antes, no bas-fonds de Montmartre. Nesta obra polémica não o foram todas as obras de Genet? , para muitos a sua obra-prima, os heróis da história são os marginais da sociedade, os transgressores, aqui elevados à santidade. Retrato de vidas quotidianas, em Nossa Senhora das Flores, os valores são invertidos, bem como todas as formas de moralidade, e o leitor é convidado para a intimidade destas vidas carregadas de fatalidade.

Livre da prisão, Jean Genet continuou a escrever poesia e romances e chamou a atenção de Jean Cocteau, Jean-Paul Sartre, ou André Gide. Foram estas cumplicidades que o salvaram da prisão perpétua, pena que enfrentava em 1948, após mais uma acusação de roubo, desta vez por acumulação de penas. Estes escritores estão entre os diversos artistas que apelaram ao presidente da república francesa por uma amnistia, que viria a ser concedida.

No fim dos anos 1940, com um punhado de romances publicados, e outras tantas obras poéticas, Genet fez as primeiras aproximações ao drama, género onde viria a tornar-se figura de proa, sobretudo no Teatro do Absurdo. Transversal a toda a sua obra, seja qual for o género, está a solidão de Genet, as prisões, a vida errante e à margem, a que nos expõe, numa visão a um tempo poética e obscena do mundo.

Já debilitado por um cancro na garganta, Jean Genet morreu na noite de 14 para 15 de Abril de 1986, após uma forte queda no seu quarto de hotel, em Paris.

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