"HISTÓRIAS DA AREIA" de Isabelle Eberhardt - 1ª Edição de 2013
Preço: 10 €"HISTÓRIAS DA AREIA" de Isabelle Eberhardt - 1ª Edição de 2013
Especificações
- TipoVenda
- ConcelhoCascais
- FreguesiaCarcavelos e Parede
- Id do anúncio44247166
- Id do anunciante8BB
Descrição
"HISTÓRIAS DA AREIA"
de Isabelle Eberhardt
Selecção, tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
1ª Edição de 2013
SISTEMA SOLAR
156 Páginas
«As mulheres de Isabelle Eberhardt [Genebra, Suíça, 1877 - Aïn Séfra, Algéria, 1904] sofrem com um desejo de liberdade no amor que a cultura islâmica proíbe, vivem amores nómadas dramáticos quando não transcendidos pela fé; os seus homens europeus sofrem o feitiço oculto no infinito das dunas e na solidão reveladora do "outro", místico e esotérico, transcendido com o esplendor magnífico dos elementos, vivem embriagados por um amor que opõe o Oriente e o Ocidente, e por ambos reprovado. Muitos traços destas personagens masculinas e femininas podem ser-lhe atribuídos, podem ser consideradas habitantes dos painéis de uma fragmentada e romanceada autobiografia raras vezes decidida a assumir-se com um explícito "eu". Isabelle Eberhardt, com uma prosa generosamente adjectivada que o calor do seu olhar exige, apaixonada por ruídos, cheiros, cores, sabores, ainda assim não deixa de fazer pesar nesta festa e nesta imemorial beleza uma presença de morte. Da morte que nunca a assustou, a benfazeja, a que inspira aos muçulmanos esta saudação: "Faça-te Deus morrer jovem." Ela própria reconhece-o nesta frase: "A morte sempre me surgiu com a forma atraente da sua imensa melancolia."
*
"Bebia de mais", diz Robert Randau. "Era a única coisa que contrastava com a sua profunda aceitação da fé muçulmana. Sim, tinha a religiosidade intensa dos místicos e dos mártires. Vivia como um homem, como um rapaz, porque bem mais parecia rapaz do que rapariga. Mas era, com o seu ar de hermafrodita, apaixonada e sensual embora diferente de uma mulher. Ainda por cima com o peito completamente plano. Tinha pequenas vaidades, embora bem mais fossem as de um árabe elegante. Trazia as belas mãos sempre enfeitadas com henna, a roupa sempre imaculada, e quando tinha dinheiro punha desses perfumes muito intensos que os árabes adoram."»
da Apresentação de Aníbal Fernandes
---
Isabelle Eberhardt
«Em 21 de Outubro de 1904, Isabelle Eberhardt morreu soterrada e afogada sob uma onda do ued argelino de Aïn Sefra. Tinha vinte e sete anos de idade, era suíça, filha de pai incógnito; e a história deste vazio, que a restringiu a um único progenitor no seu registo de Genebra, desce romanescamente desde a Rússia czarista até à Europa Central.
Natalia Nicolaevna Eberhardt foi uma esposa incómoda para o general e senador Pavel Karlovich de Moerder, muito próximo de Nicolau II. O seu sangue judaico, tardiamente descoberto, lançava as bases de uma insanável desavença conjugal. Mas tinha-a regularmente engravidado; e muito consciente da sua condição de pai russo bem colocado na vida e merecedor de respeito, evitara à educação desses filhos a promiscuidade de uma escola pública contratando Alexander Tropimovski, preceptor ucraniano, ex-pope ortodoxo, amigo de Bakunin.
Natalia Nicoalevna não foi indiferente à proximidade deste educador erudito e com laivos de um requintado anarquismo. Essencialmente por isto, e para deixar a mais cómoda distância o semitismo e a fidelidade duvidosa da sua vida conjugal, o severo Moerder viu na oportunidade de um filho de pulmões fracos a boa desculpa que lhe permitiria exportar toda a sua família mais próxima para a Suíça; e, por que não, acompanhada pelas competências do acarinhado preceptor.
E quando Isabelle nasceu [Genebra, Suiça, 17 de Fevereiro de 1877], concebida longe das obras do general russo, nem Moerder nem Tropimovski quiseram oferecer-lhe uma paternidade. Ao contrário de todos os seus irmãos, com um Moerder a respeitabilizar-lhes o nome, teve de contentar-se com o que havia no lado materno. Isabelle seria, para os registos oficiais e para a literatura, Isabelle Eberhardt.
Isabelle, essa, era vista por Genebra como uma extravagante. Vestia-se com fardas de marinheiro e outros trajos masculinos; e como sentia uma sede de exotismos alimentada por leituras febris que investigavam tudo quanto havia nessa veia, desde Flaubert a Loti, e como estava irremediavelmente apaixonada por uma fé muçulmana de marcado contraponto àquela cristandade suíça, o Norte de África de Marrocos ou da Argélia, dominado pela língua francesa, mostrou- -se com contornos de sonho realizável. Conduzidas pelo mesmo impulso, mãe e filha elegeram a Bône argelina como bom lugar para se arabizarem sob o confortável abrigo de uma mensalidade que poderia lá chegar sem sobressaltos. Também havia que apagar dos seus nomes o mau travo europeu: Natalia Nicolaevna passou a ser Fatma Mannubia; e Isabelle Eberhardt, vestida à árabe, transformou- se no jovem ambíguo Mahmud Sadi.
Masculinamente vestida, Mahmud frequentava mesquitas e prostrava-se entre homens, com a cabeça a tocar no chão e voltada para Meca. Dormia com árabes encantados com o formoso rapaz que se despojava da gandurah e oferecia um corpo feminino ardente, com os atractivos equívocos da androginia.
NOVO - PORTES GRÁTIS
de Isabelle Eberhardt
Selecção, tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
1ª Edição de 2013
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«As mulheres de Isabelle Eberhardt [Genebra, Suíça, 1877 - Aïn Séfra, Algéria, 1904] sofrem com um desejo de liberdade no amor que a cultura islâmica proíbe, vivem amores nómadas dramáticos quando não transcendidos pela fé; os seus homens europeus sofrem o feitiço oculto no infinito das dunas e na solidão reveladora do "outro", místico e esotérico, transcendido com o esplendor magnífico dos elementos, vivem embriagados por um amor que opõe o Oriente e o Ocidente, e por ambos reprovado. Muitos traços destas personagens masculinas e femininas podem ser-lhe atribuídos, podem ser consideradas habitantes dos painéis de uma fragmentada e romanceada autobiografia raras vezes decidida a assumir-se com um explícito "eu". Isabelle Eberhardt, com uma prosa generosamente adjectivada que o calor do seu olhar exige, apaixonada por ruídos, cheiros, cores, sabores, ainda assim não deixa de fazer pesar nesta festa e nesta imemorial beleza uma presença de morte. Da morte que nunca a assustou, a benfazeja, a que inspira aos muçulmanos esta saudação: "Faça-te Deus morrer jovem." Ela própria reconhece-o nesta frase: "A morte sempre me surgiu com a forma atraente da sua imensa melancolia."
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"Bebia de mais", diz Robert Randau. "Era a única coisa que contrastava com a sua profunda aceitação da fé muçulmana. Sim, tinha a religiosidade intensa dos místicos e dos mártires. Vivia como um homem, como um rapaz, porque bem mais parecia rapaz do que rapariga. Mas era, com o seu ar de hermafrodita, apaixonada e sensual embora diferente de uma mulher. Ainda por cima com o peito completamente plano. Tinha pequenas vaidades, embora bem mais fossem as de um árabe elegante. Trazia as belas mãos sempre enfeitadas com henna, a roupa sempre imaculada, e quando tinha dinheiro punha desses perfumes muito intensos que os árabes adoram."»
da Apresentação de Aníbal Fernandes
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Isabelle Eberhardt
«Em 21 de Outubro de 1904, Isabelle Eberhardt morreu soterrada e afogada sob uma onda do ued argelino de Aïn Sefra. Tinha vinte e sete anos de idade, era suíça, filha de pai incógnito; e a história deste vazio, que a restringiu a um único progenitor no seu registo de Genebra, desce romanescamente desde a Rússia czarista até à Europa Central.
Natalia Nicolaevna Eberhardt foi uma esposa incómoda para o general e senador Pavel Karlovich de Moerder, muito próximo de Nicolau II. O seu sangue judaico, tardiamente descoberto, lançava as bases de uma insanável desavença conjugal. Mas tinha-a regularmente engravidado; e muito consciente da sua condição de pai russo bem colocado na vida e merecedor de respeito, evitara à educação desses filhos a promiscuidade de uma escola pública contratando Alexander Tropimovski, preceptor ucraniano, ex-pope ortodoxo, amigo de Bakunin.
Natalia Nicoalevna não foi indiferente à proximidade deste educador erudito e com laivos de um requintado anarquismo. Essencialmente por isto, e para deixar a mais cómoda distância o semitismo e a fidelidade duvidosa da sua vida conjugal, o severo Moerder viu na oportunidade de um filho de pulmões fracos a boa desculpa que lhe permitiria exportar toda a sua família mais próxima para a Suíça; e, por que não, acompanhada pelas competências do acarinhado preceptor.
E quando Isabelle nasceu [Genebra, Suiça, 17 de Fevereiro de 1877], concebida longe das obras do general russo, nem Moerder nem Tropimovski quiseram oferecer-lhe uma paternidade. Ao contrário de todos os seus irmãos, com um Moerder a respeitabilizar-lhes o nome, teve de contentar-se com o que havia no lado materno. Isabelle seria, para os registos oficiais e para a literatura, Isabelle Eberhardt.
Isabelle, essa, era vista por Genebra como uma extravagante. Vestia-se com fardas de marinheiro e outros trajos masculinos; e como sentia uma sede de exotismos alimentada por leituras febris que investigavam tudo quanto havia nessa veia, desde Flaubert a Loti, e como estava irremediavelmente apaixonada por uma fé muçulmana de marcado contraponto àquela cristandade suíça, o Norte de África de Marrocos ou da Argélia, dominado pela língua francesa, mostrou- -se com contornos de sonho realizável. Conduzidas pelo mesmo impulso, mãe e filha elegeram a Bône argelina como bom lugar para se arabizarem sob o confortável abrigo de uma mensalidade que poderia lá chegar sem sobressaltos. Também havia que apagar dos seus nomes o mau travo europeu: Natalia Nicolaevna passou a ser Fatma Mannubia; e Isabelle Eberhardt, vestida à árabe, transformou- se no jovem ambíguo Mahmud Sadi.
Masculinamente vestida, Mahmud frequentava mesquitas e prostrava-se entre homens, com a cabeça a tocar no chão e voltada para Meca. Dormia com árabes encantados com o formoso rapaz que se despojava da gandurah e oferecia um corpo feminino ardente, com os atractivos equívocos da androginia.
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Raul Ribeiro
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Tempo de resposta inferior a 34 minutos Último acesso há mais de 15 minutos
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