"DO ANDRÓGINO" Teoria Plástica de Joséphin Péladan - 1ª Edição de 2024


Especificações


Descrição

"DO ANDRÓGINO"
Teoria Plástica
de Joséphin Péladan

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

1ª Edição de 2024
SISTEMA SOLAR
106 Páginas
Ilustrado a cores e a branco e preto

Joséphin Péladan: «A beleza de um homem está no que ele tem de feminino, a beleza de uma mulher no que ela tem de masculino »

Por volta de 1880, o mundo literário francês surpreendeu-se com um ser extravagante, vestido de uma forma que não ocultava o desejo de destoar entre as modas normalizadas da época; que exibia uma longa barba untada com óleo de cedro e cheirava intensamente a um somatório de sete perfumes (correspondendo cada um deles a um planeta). E era vulgar, em salões frequentados pela alta sociedade de Paris, mostrar-se com golas de renda de onde pendia um ramo de violetas, e com luvas de pele de veado enfeitadas a dourado.

Chamava-se Joseph-Aimé Péladan, mas surgia na literatura e no jornalismo com o seu nome ligeiramente alterado para Joséphin Péladan; gostava, no entanto, que o tratassem por Sâr Mérodack, com os mais cultos a não ignorarem que Mérodack era um nome que tinha soado na alta esfera da velha Babilónia, e Sâr significava nada menos do que «rei» na língua assíria.

A passagem dos anos deu-lhe direito, com o ensaio De l Androgyne (a sua primeira edição é de 1910), à sobrevivência literária. O tema, que lhe era caro e Mario Praz considera no seu livro La carne, la morte e il diavolo uma obsessão da literatura decadente, tinha nove anos antes surgido como centro dos seus dois romances de 1891, L Androgyne e La Gynandre (termo inventado para designar o correspondente feminino do andrógino).

Péladan afasta o andrógino da ginandra. Se o seu andrógino literário é um adolescente virgem e com qualquer coisa de feminino numa simbiose dos sexos que corresponde ao «sexo inicial, sexo definitivo, absoluto do amor, absoluto da forma, sexo que nega o sexo, sexo da eternidade» (termina ele assim o seu poema «Hino ao Andrógino», a lembrar-se da forma humana que os Eloim criaram andrógina, diz ele, apoiado numa versão do Génesis não adoptada pelas religiões cristãs), a sua ginandra só é uma usurpadora que faz uma grotesca imitação da virilidade.
Aníbal Fernandes

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Chamava-se Joseph-Aimé Péladan [1858 a 1918], mas surgia na literatura e no jornalismo com o seu nome ligeiramente alterado para Joséphin Péladan; gostava, no entanto, que o tratassem por Sâr Mérodack, com os mais cultos a não ignorarem que Mérodack era um nome que tinha soado na alta esfera da velha Babilónia, e Sâr significava nada menos do que «rei» na língua assíria.

Toda esta pretensão chegava-lhe, sem antecedentes conhecidos, de uma honrada família de comerciantes e lavradores das margens do Ródano; e era filho de um Péladan que se afastara da tradição familiar para ser jornalista (jornalista no muito conservador La France littéraire).

Apesar dos cuidados em não se meter em sarilhos judiciais, a sua pena corrosiva no jornal La France causou-lhe em 1891 um sobressalto. Acusou Léon Bloy e Louise Read de terem deixado morrer o escritor Barbey d Aurevilly sem a absolvição de um padre, pedida pelo moribundo. Isto foi considerado pelos valores do tempo uma afirmação grave, e foi por ela condenado em tribunal.

Péladan já era nesses dias um rosacruciano. Em 1888 tinha fundado, com Stanislas de Guaïta, a cabalística Ordem da Rosa-Cruz. No entanto, três anos depois abandonava-a para fundar, mais solitariamente, a Ordem da Rosa-Cruz Católica e Estética do Templo de Graal. Este nome, que parecia não conter promessas de nenhuma significativa actividade cultural, fez uma granden quantidade de intelectuais acorrer à sua chamada. E apesar do Rosa-Cruz Católica do nome, apesar das ironizadas extravagâncias de Péladan, este lugar dominado pelo Graal soube atrair Mallarmé, Zola, Verlaine, Gustave Moreau, entre outros, recebidos ao som de composições de Erik Satie e do prelúdio do Parsifal de Richard Wagner. (Ele considerava Wagner, com as suas óperas mitológicas, uma boa «terapêutica para desintoxicar a França do seu materialismo».)

O Péladan decaído e esquecido, dos seus últimos anos, em 6 de Julho de 1918 (em L Europe nouvelle) teve de Apollinaire estas palavras para exprimirem uma verdade que ainda hoje conhecemos: «Os jornais foram unânimes a dar a notícia da morte de Joséphin Péladan, e concluíram que não lhe foi concedido o lugar que ele merecia. Mas quando fazem o autor de Le Vice suprême responsável por esta injustiça, estão a rir-se de nós Os culpados são os senhores da imprensa, que não procuram nem encorajam o talento, limitando-se a fazê-lo aos que têm uma determinada forma do saber-fazer. Temem acima de tudo espantar os seus leitores; e os autores com ideias novas ou que fazem, pelo menos, um corte com as da multidão, são seus inimigos. Mas a injustiça é tão flagrante, que nem a eles próprios escapa.

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