"DA SEBE AO SER" de Maria Gabriela Llansol - 1ª Edição de 1988


Especificações


Descrição

"DA SEBE AO SER"
de Maria Gabriela Llansol

1ª Edição de 1988
Edições Rolim
210 Páginas

Visto pela vigia, o mar, em plena ondulação, transformou-se em nosso guarda e,
além dele,
não havia horizonte. Foi o bastante para que Juan confessasse que sempre o intrigara a nossa herança errante e marítima e que, de um momento para o outro, pressentia que o próprio ermo marítimo nos ia reter para sempre. [ ] Não encontrei palavras minhas para o dissuadir, e um pensamento arcaico respondeu por mim:
O mar e a terra não são humanos,
tratam todos os seres como se fossem funâmbulos.
O espaço entre a terra e o mar
não se assemelha ao fole da forja?
Por dentro, está vazio,
mas nunca se esvazia.
Quanto mais o accionam, mais ele sopra.
Quanto mais se fala,
mais cerrado é o nosso labirinto.
Mais vale que o homem
repouse no interior do fole.

E concluí, para que bem me compreendesse:
Não foi o mar Juan,
mas o seu movimento,
que nos foi dado em herança.

Trata-se, talvez, do livro de M. G. Llansol onde se propõe uma leitura do Portugal contemporâneo à luz da História. A narrativa em 522 versículos , distribuídos por três Secções (1. O Monte Espichel, vv. 1-105; 2. O Jardim, vv. 106-354; 3. O Litoral do Mundo, vv. 355-522) remete para uma ruminação acerca do embarque/desembarque, mais presente e futuro do que passado. A viagem não é realizada, como em Os Lusíadas, ou em alguma Hora metafísica, como na Mensagem de Fernando Pessoa. Participando dessas leituras , personagens historicamente identificadas, ou temas, por exemplo, a ilha dos amores , o monstro , contracenam com figuras , cenas-fulgor , motivos do universo llansoliano. Uma liturgia da palavra subsiste, proclamada diante de uma assembleia, não já o peito ilustre lusitano ou os irmãos iniciados (Valete, Fratres), mas o plural-singular, o universal-concreto: Comuns, o Pobre. É este aspecto que me apraz sublinhar na novidade desta Obra, justamente realçado na Nota introdutória em que se cita o Livro de Horas VI, p. 29, quando Maria Gabriela Llansol encontra o título definitivo Da Sebe ao Ser: circunscrevi-me ao problema do poder e à meditação sobre as diferentes naturezas de quem é pobre .

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MARIA GABRIELA LLANSOL nasceu a 24 de Novembro de 1931, em Lisboa. Licenciou-se em Direito e em Ciências Pedagógicas, tendo trabalhado em áreas relacionadas com problemas educacionais. Em 1965, abandonou Portugal para se fixar na Bélgica. Regressou há alguns anos a Portugal. É um caso ímpar na ficção contemporânea, de jorrante, inesperada e original criatividade. De estilo muito próprio, a sua forte personalidade afirmou-se desde 1957, com as narrativas de Os Pregos na Erva, consolidando-se com O Livro das Comunidades, 1978, e com todas as suas obras posteriores, de que poderemos salientar A Restante Vida, 1978, e Um Beijo Dado mais tarde, 1990, e Lisboaleipzig, 1994 e 1995. Aliando a subjectividade enunciativa a um forte pendor mítico de implicação lírica, que funda numa visão da vida e do mundo de tipo religioso herético, sensualista e naturalista, a sua ficção caracteriza-se por uma hibridez de registos e de convocação, temporal e espacial de entidades, que no entanto assume uma coesão que lhe é dada por uma marca discursiva persistente e inconfundível. Faleceu a 3 de Março de 2008, em Sintra.

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