"BABILÓNIA" de René Crevel - 1ª Edição de 2022


Especificações


Descrição

"BABILÓNIA"
de René Crevel

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

1ª Edição de 2022
SISTEMA SOLAR
156 Páginas

O melhor romance do surrealismo francês?
Um admirável exercício de humor.

O seu primeiro romance Détours (N.R.F., 1924), uma obra, um retrato (esgotado), era um passeio preliminar onde os críticos e em particular Benjamin Crémieux, Edmond Jaloux, Albert Thibaudet, reconheceram atitudes, passeatas e raivas características do jovem actual. O Meu Corpo e Eu (1925), romance com um herói que traz dentro de si todas as suas aventuras e onde os gestos, as personagens não são mais do que pretextos, é um panorama interior.
A seguir foi a vez dos romances A Morte Difícil (1926) e no ano seguinte Babilónia, aquele que Crevel escreveu ligando-o com mais intensidade à estética literária surrealista; o melhor dos três melhores romances do surrealismo francês nomeiem-se aqui Hebdomeros de Chirico, A Liberdade ou o Amor de Robert Desnos e este Babilónia, com uma história contável dentro de parâmetros realistas, embora a deslizar em muitas das suas páginas para um discurso poético de intensa surrealidade.

René Crevel, o rebelde romancista do Surrealismo francês, regressa uma vez mais às suas obsessões de solidão e morte; persiste numa das suas denúncias preferidas, a da família orquestrada pela moral e por casamentos de burguesa virtude. A Menina, que se acha com direito a ver o mundo através de uma versão individual, dominada pela liberdade de ser e pensamento, começa a fazer-se mulher. E sente, com nitidez cada vez maior, que o seu pai, a sua prima Cynthia, a sua avó, a negrinha do Senegal, são todos invencivelmente dominados pelo desejo, todos ressuscitam o Vento soprado pelas licenças de uma velha Babilónia. Ela; o seu avô-psiquiatra só capaz de perceber os actos humanos que se adaptam à sua matriz, e que a todos os outros chama actos-cogumelos; a sua mãe que se sujeita, por falta de vento, a acompanhar um marido anão na sua propaganda evangélica, não ressuscitam o Vento. Mas esta consciência de não conseguir entregar-se aos Ventos da vida, perturba-a; ao não se ver capacitada para ressuscitar o seu Vento, foge do mundo pela indiferença e pelo medo. O final da história é melancólico: Terra insensível, terra vazia, Babilónia; depois dos gritos, das mordidas, é o grande silêncio. No mar, um dique continua este chão carnal, este grande corpo de continente que a insolação diviniza.
Uma mulher, uma cidade lutam, por indiferença.
Aníbal Fernandes

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René Crevel [Paris, 1900 a 1935] descreveu-se numa «Autobiografia» que lhe foi pedida em 1926 pelas Editions du Sagittaire:

Nascido no ano 1900 em Paris, a 19 de Agosto, de pais parisienses; isto permitiu-lhe ter um ar eslavo. Liceu, Sorbonne, Faculdade de Direito; o serviço militar até ao fim de 23 dá-lhe a impressão de só estar, desde há poucos meses, verdadeiramente a viver. Não foi ao Tibete nem à Groenlândia, nem mesmo à América, mas as viagens que não tiveram lugar à superfície tentou fazê-las em profundidade. Pode portanto gabar-se de conhecer, de dia e de noite, certas ruas e os seus hotéis.

Tinha começado as suas investigações para uma tese de doutoramento em Letras sobre Diderot romancista, na altura em que fundou Aventure com Marcel Arland, Jacques Baron, Georges Limbour, Max Morice, Roger Vitrac, e esta revista permitiu- lhe esquecer o século XVIII e lembrar-se do século XX. Conheceu então Louis Aragon, André Breton, Paul Éluard, Philippe Soupault, Tristan Tzara; e um dia, estava ele à frente de um quadro de Georgio Chirico, teve a visão de um mundo novo. Abandonou definitivamente o velho sótão lógico- -realista, compreendendo que era cobardia sua confinar-se a uma mediocridade argumentadora; e que amava os verdadeiros poetas entre eles Rimbaud e Lautréamont, sobretudo que tinham, sem jogos de palavras nem jogos de imagens, um poder libertador.

Era homossexual de bandeira numa época que hostilizava esta frontalidade com os incómodos da exclusão; era fervoroso comunista, olhado de soslaio pelos catecismos morais do partido (ele respondia-lhes: Desde que haja puritanismo, há perigo para a revolução; e o puritanismo, que é um efeito sexual da reacção, corre fortes riscos de arrastar consigo outras reacções. Ainda acrescentava: Nada do que costuma chamar-se um vício alguma vez me aprisionou ou travou. Contraditórias no tempo, todas as minhas sedes sedes corporais, sedes de álcool, sedes de drogas, de água pura e tinta conseguiram construir mais em turbilhão, é verdade, do que em templo grego esta síntese que me forma a vida). O surrealismo seduzia-o como força nova, capaz de quebrar todos os tabus e dar à existência um novo sentido, mas adaptava-o à sua vocação de golden boy e dandy, enfrentando com sorriso largo e indiferença a homofobia militante e a hostilidade a todos os mundanismos, professadas por André Breton.

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